Em ano de eleições municipais e diante da falta de estímulos para a renovação da frota de ônibus, a Mercedes-Benz acredita que o mercado terá mais um período difícil pela frente, especialmente no segmento urbano.
Em entrevista ao DCI, o diretor de vendas e marketing ônibus da montadora, Walter Barbosa, afirmou que as empresas concessionárias devem comprar somente o necessário em 2016.
"A taxa de juros e a escassez de crédito não estimulam a renovação da frota". Segundo ele, em 2015 os emplacamentos de ônibus atingiram 15,7 mil unidades, queda de 40% em relação ao ano anterior. O segmento de urbanos respondeu por uma fatia de 7,7 mil unidades.
Apesar do cenário, o diretor da Mercedes-Benz conta que a montadora elevou sua participação no mercado total de 49% para 52,5% e, só no segmento de urbanos, atingiu marketshare de 68%.
"Não podemos reclamar do nosso desempenho em um mercado tão retraído", observa Barbosa. Ele explica que, em ano eleitoral, o mercado de ônibus urbanos funciona, efetivamente, até meados de julho, porque as prefeituras costumam represar as compras. "Os emplacamentos diminuem muito após esse período", revela o executivo.
Com o aumento dos juros do financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para bens de capital (Finame), a expectativa é que as compras dos concessionários fiquem ainda mais restritas.
"O empresário irá investir só o que a legislação exige." No mês passado, a Mercedes-Benz efetuou uma venda grande para a prefeitura de São Paulo, de 200 ônibus superarticulados, além de outros contratos na região Nordeste do País.
Projeções
O mercado de ônibus não começou bem o ano. Após registrar a segunda queda consecutiva das vendas em 2015, as montadoras reportaram, em janeiro, recuo de 43,7% dos emplacamentos na comparação anual, para 1,25 mil unidades, segundo dados divulgados nesta segunda-feira, 1º, pela Fenabrave.
Para 2016, Barbosa pondera que ainda é cedo para fazer projeções. O diretor da Mercedes se refere ao pacote de estímulos de R$ 83 bilhões de bancos públicos (incluindo o BNDES) para diversos setores. "A projeção inicial de queda pode mudar caso as medidas do governo surtam efeito", relata.
Ele salienta, contudo, que o mercado vive a expectativa da definição dos juros do Finame, que serão calculados pela Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), atrelada à Selic. Por mais de cinco anos, o Finame teve taxas fixas e chegou a oferecer "juros negativos" de 2,5% ao ano.
"Com taxas tão atrativas, os empresários acabavam renovando a frota mais frequentemente", declara Barbosa. No entanto, atualmente executivos do setor calculam que as alíquotas do Finame devam girar em torno de 14% a 16% ao ano, dependendo do porte da empresa.
Barbosa prefere não cravar uma projeção para o segmento de ônibus em 2016. "Fica difícil fazer previsões diante das oscilações do mercado", pontua. Mas ele destaca que a montadora tem investido na rede de concessionárias e na renovação do portfólio para enfrentar a concorrência.
Fonte: DCI
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